Eu sou uma pessoa visual. Cores, formas e harmonias me interessam profundamente. E tenho respeito e admiração pela beleza.
Mas um dia comecei a questionar a máxima "As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental". Porque ela se refere especificamente à beleza feminina. O criador da frase, Vinícius de Moraes, era um cara feio: gordo, careca, enrugado. Ainda assim, ele queria que as mulheres fossem belas, que lhe dessem prazer visual.
Pô, sacanagem, né? As moças ficam lá fazendo dieta, unha, cabelo e maquiagem. E o Vivi, o que faz? Faz poesia.
Prefiro fazer poesia.
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Ok, não tenho talento para poesia. O que eu quero dizer é que o dito do "Poetinha" (interpretem o diminutivo como quiserem), que virou lugar comum, coloca as mulheres na posição de objeto, valorizado pela aparência e só. O problema (um deles) é que a beleza física passa rápido, né, gente? Fica no máximo registrada em um quadro ou uma foto. E quem fez o quadro, ou a foto, é que vai pra posteridade.
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Como eu dizia, eu sou defensora da beleza. Mas, poxa, existe beleza em tantos lugares. Fico pensando: se as mulheres fossem liberadas dos cuidados diários com cutículas, pelos e pontas duplas, será que não teríamos (mais) um monte de cientistas, artistas e pensadoras por aí?
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Sim, eu entendo que a maneira que a pessoa se apresenta é um jeito de se expressar. Mas, cá pra nós, o guarda-roupa masculino é bem mais limitado, né? E nem por isso vejo os moços reclamando que tem dificuldade em dizer a que vieram.
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Ok, leitora, eu entendo: você é linda, fashion, maquiada, inteligentíssima e bem-sucedida. Então que tal, da próxima vez que você comprar um batom Chanel por mais de cem reais, doar a mesma quantia para uma fundação que defenda os direitos das mulheres ou para uma candidata cuja plataforma lhe agrade? Aí você vai estar fazendo do mundo um lugar mais bonito E melhor.