terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Caso dos Dotes Culinários II

Eu disse que o Maridinho não tinha dotes culinários? Vou me retratar. Hoje ele decidiu fazer o almoço: arroz e strogonoff. Ficou uma delícia!

Verdade seja dita, ele sempre teve mais intimidade com a cozinha que eu. Ele faz sanduíches elaborados, pão frito, ovos mexidos, enquanto eu fico com o brigadeiro de microondas e a calda de capuccino mesmo.

O Maridinho está esperando ser nomeado no Ministério do Planejamento. Pode sair a qualquer momento. Mas, se ele continuar fazendo almoços divinos, vou ter de ligar lá e pedir para atrasarem o processo, hohoho.

domingo, 26 de setembro de 2010

O Caso da Ambição Atual

Como vocês sabem, eu sou uma pessoa de ambições. E elas mudam, o tempo todo. Ultimamente meu objetivo tem sido entender o mundo. Bem, na verdade minha ambição é consertar o mundo, para que todos os seres humanos tenham paz e saneamento básico, mas antes de chegar lá tenho de descobrir direitinho como ele funciona.

Hoje entreguei na UnB o pedido para cursar, como aluna especial, uma disciplina da pós sobre economia, política e sociedade brasileiras. Em tese são 15 vagas, mas na secretaria me disseram que, se mais do que 15 pessoas se inscreverem, eles aumentam o número de vagas, pronto. Então estou otimista.

E doida pra voltar a estudar, porque eu adoro uma universidade.

O Caso dos Dotes Culinários

As habilidades domésticas minhas e do Maridinho são bem fracas. Minha mãe é prendadíssima (lava, cozinha e costura), mas nunca tive a menor vontade de aprender. Talvez porque ela não tivesse a menor paciência pra ensinar (e considerando que ela era professora universitária com dedicação exclusiva, eu até dou um desconto); talvez porque meu pai também trabalhava e não levantava uma palha em casa (e aí eu ficava no time dele, claro).

Antes de eu me casar, minha mãe me disse: "Coitado do Maridinho! Como é que você vai fazer? Você não sabe fazer nada em casa!" Ao que eu respondi, muito mau-humorada: "Eu sou uma intelectual, mãe! Eu vou trabalhar e pagar alguém pra fazer as tarefas do lar." (Na época o fato de eu delegar a rotina doméstica a salário de fome para outra mulher não me parecia um problema.) Observem que o fato do Maridinho também não saber "fazer nada em casa" não era em absoluto uma questão para minha mãe.

Casamos, arrumamos duas ótimas diaristas, uma depois da outra. (Tentei convencer as duas a terem carteira assinada, sem sucesso. De qualquer jeito, a gente pagava feriados, férias e décimo-terceiro informais, e a última recebia pagamento bem acima do acima do mercado.) De vez em quando precisávamos resolver ou consertar alguma coisa, e aí a gente olhava na internet ou terceirizava, isto é, contratava alguém pra fazer. E tudo funcionava lindamente.

Aí viemos pra Brasília. Alugamos um apartamento com cozinha americana. O Maridinho quis comprar um forno elétrico grande para substituir o pequetito que deixamos para trás. E o ambiente da cozinha é tão legal e prático, e os supermercados de Bsb têm tantas opções de ingredientes, que os dotes culinários antes desconhecidos despertaram.

Hoje fizemos nosso primeiro almoço: bifes de picanha ao forno e batatinhas com azeite e parmesão. Ficou uma delícia. Eu, que não tinha experiência alguma na cozinha, achei o máximo.

E o melhor: não precisamos ligar para mãe nenhuma. Catamos as receitas na internet, hohoho.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O Caso da Beleza

Eu sou uma pessoa visual. Cores, formas e harmonias me interessam profundamente. E tenho respeito e admiração pela beleza.

Mas um dia comecei a questionar a máxima "As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental". Porque ela se refere especificamente à beleza feminina. O criador da frase, Vinícius de Moraes, era um cara feio: gordo, careca, enrugado. Ainda assim, ele queria que as mulheres fossem belas, que lhe dessem prazer visual.

Pô, sacanagem, né? As moças ficam lá fazendo dieta, unha, cabelo e maquiagem. E o Vivi, o que faz? Faz poesia.

Prefiro fazer poesia.

* * *

Ok, não tenho talento para poesia. O que eu quero dizer é que o dito do "Poetinha" (interpretem o diminutivo como quiserem), que virou lugar comum, coloca as mulheres na posição de objeto, valorizado pela aparência e só. O problema (um deles) é que a beleza física passa rápido, né, gente? Fica no máximo registrada em um quadro ou uma foto. E quem fez o quadro, ou a foto, é que vai pra posteridade.

* * *

Como eu dizia, eu sou defensora da beleza. Mas, poxa, existe beleza em tantos lugares. Fico pensando: se as mulheres fossem liberadas dos cuidados diários com cutículas, pelos e pontas duplas, será que não teríamos (mais) um monte de cientistas, artistas e pensadoras por aí?

* * *

Sim, eu entendo que a maneira que a pessoa se apresenta é um jeito de se expressar. Mas, cá pra nós, o guarda-roupa masculino é bem mais limitado, né? E nem por isso vejo os moços reclamando que tem dificuldade em dizer a que vieram.

* * *

Ok, leitora, eu entendo: você é linda, fashion, maquiada, inteligentíssima e bem-sucedida. Então que tal, da próxima vez que você comprar um batom Chanel por mais de cem reais, doar a mesma quantia para uma fundação que defenda os direitos das mulheres ou para uma candidata cuja plataforma lhe agrade? Aí você vai estar fazendo do mundo um lugar mais bonito E melhor.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Caso do Túnel do Eixão

Como minha bússola interna veio quebrada, o Maridinho está me ensinando a chegar nos lugares. Já que a gente gosta de caminhar no fim da tarde, colocamos tênis e saímos serelepes por aí, fazendo reconhecimento de terreno e um pouco de exercício ao mesmo tempo.

Para passar de um lado de cada asa para outro, é necessário atravessar três pistas largas: dois eixinhos e um eixão. São vias de alta velocidade, sem sinais de trânsito nem faixa para pedestre (já que o objetivo é permitir que o tráfego flua livremente). Quem quiser cruzar passa por baixo das pistas, em uns túneis semi-subterrâneos.

Hoje passei pelo meu primeiro. Ah, o horror. É escuro, o cheiro de xixi é horrível, e a limpeza passa longe. Não estou sendo fresquinha: dos grafites na parede eu gostei. Mas fiquei chocada com a falta de conservação da passagem. E olha que não éramos os únicos por ali: eram sete da noite e o movimento era razoável (ou seja, não fiquei com medo, só com o nariz tampado).

Para voltar pra casa, o Maridinho apostou que dava para atravessar pelo metrô. Funcionou, e a estação era nova, limpa e linda. E tinha muito mais gente usar para chegar no outro lado, claro. Mas continuei indignada: pô, não dá pra abandonar os túneis.

Já estou investigando na internet com que órgão vou reclamar.

sábado, 18 de setembro de 2010

O Caso dos Pelos (Mais Um)

(Antes de mais nada: não, depilação não é sinônimo de higiene. Banho é sinônimo de higiene. Os namorados e maridos não tiram os pelos da perna, tiram? E olha que os pelos masculinos costumam ser mais grossos e cerrados do que os femininos. Como não vejo as moças com nojinho dos rapazes, dispenso chiliques nos comentários, se me fazem favor.)

Então: lá em Fabri estava fazendo um frio danado e eu estava cultivando alegremente os pelos da perna. Aqui é um calor sem noção e infelizmente eu não evoluí o suficiente para desafiar as convenções sociais nesse ponto específico.

Bati em um salão arrumadinho perto de casa. Preço pra depilar metade da perninha: mais que o dobro do que lá no interior (é Brasília mostrando os dentes). Sinto muito, não vai rolar.

Aí fui pra internet em busca de alternativas. Pois bem: existem ceras depilatórias auto-aplicativas, aparelhinhos que arrancam os pelos pela raiz, e depilações duradouras (laser ou luz pulsada). Fiquei até tentada pela última opção, porque descobri uma rede aqui na cidade a preços módicos, mas acho que, por questões ideológicas, não quero remover meus pelos para sempre. E se eu ainda estiver viva quando a igualdade feminina realmente chegar? Eu vou ser a bobona de canelas peladas? Não, obrigada.

Quebrei um pouco a cabeça, mas uma das conclusões a que eu cheguei sobre o assunto "aparência feminina" é que não quero perder tempo com isso. Em outras palavras, fazer uma lista no Excel sobre prós e contras, enquanto o Maridinho vê seriados na sala, é justamente o que pretendo evitar. Decidi comprar o extrator de pelos mecânico (provavelmente inventado pela Santa Inquisição na Idade Média) e pronto.

Agora vou torcer pra demorar bastante a chegar.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O Caso da Maquiagem Tipo Lápis de Cor

Umas semanas atrás eu estava em BH, e a irmã I. ia a um casamento e perguntou se as minhas habilidades maquiagísticas ainda estavam funcionando.

A irmã I. é uma das pessoas menos frescas que eu conheço e também não acha que ser chamada "feminista" seja xingamento. Então eu disse que fazia a maquiagem dela se fosse pra ser divertido. Ou seja, não "veja como ressalto minhas características sexuais secundárias para atrair você", mas "tenho lápis de cor e uso no rosto. Ha."

Ok, não foi lápis de cor de verdade, mas foi zero de base ou corretivo, sombra azul forte e plumas idem no canto de fora dos olhos. Muito legal.

E tão legal quanto foi minha mãe dizendo para a irmã I. que o vestido que ela ia usar no casamento estava fora de moda. O Maridinho estava passando na hora. E nem piscou. Só rebateu: "Moda é para os fracos".

Juro que não fui eu que ensinei. Só vou adotar.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Caso da (Falta de) Tevê a Cabo

Lá em Fabri a gente tinha tevê a cabo, e não assistia à tevê aberta, ponto. Porque eu não gosto de novelas, nem de filme dublado, e notícias a gente recolhe na internet, oras. Mas ultimamente até tevê a cabo a gente estava vendo pouco: eu porque larguei os programas de moda/maquiagem/celebridades, e o Maridinho só assistia aos jogos do Brasileirão mesmo.

Vindo pra cá, na hora de fechar o pacote internet/telefone/tevê, tive a idéia de dispensar a televisão paga. Primeiro porque o aluguel está saindo mais caro do que eu planejava, então gosto da estratégia de cortar gastos em outras áreas; segundo porque a tevê tem um poder meio hipnótico, e é muito fácil ligar e ficar na frente dela. Ainda que seja pra ver programas de história e ciência, nada substitui a vida - ou os livros bons. E agora que estamos morando em uma cidade cheia de opções, bom é ter tempo livre pra aproveitá-las.

Pode ser que a gente mude de idéia lá na frente. Mas sei não. Aqui tem cinema bom, locadora boa, e o irmão do Maridinho volta e meia compra ou ganha (inclusive do próprio Maridinho!) coleções completas de seriados, ótimas pra pegar emprestadas. E aí a vantagem é que a gente faz a própria programação, ao invés de ficar dependendo dos horários e vontades dos canais a cabo.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O Caso dos Chinelinhos em Brasília

Aqui tem feito um calorão, e tudo é espaçoso e longe. Então eu vejo na rua um monte de gente de sapatilhas, sandálias e havaianas.

Adotei na maior alegria. Minas Gerais é um estado esquisito: nem lá em Fabri, interior, lugar de calor equivalente, eu via chinelinhos a passeio. Aqui Maridinho e eu usando sem problemas, junto com a galera.

É claro que, quando eu voltar a trabalhar, o ambiente deve ser diferente. Mas tenho notado muito menos saltos do que em BH, por exemplo. Talvez nos lugares "da moda" o povo ande mais enfeitado, mas sei não. Em Belô você vai a qualquer barzinho e tem as moças de cabelão com luzes, óculos escuros importados e unhonas pintadas (e os moços escovadinhos). Aqui fui ao cinema do Shopping Iguatemi (onde fica uma loja Louis Vuitton, que, como dizia minha mãe, é um acinte em um país com tanta desigualdade social) e estava todo mundo em trajes "civis".

Tô achando ótimo.

domingo, 12 de setembro de 2010

O Caso dos Instalados e Felizes

A mudança chegou na sexta-feira. No sábado dormimos na casinha nova pela primeira vez. E hoje estreiamos a banheira de hidromassagem (aprovadíssima!).

Tá faltando pouca coisa: filtro (porque esse negócio de ficar comprando água mineral em uma cidade em que o tratamento de água é ótimo é para pessoas não-econômicas e não ecológicas), cortina (aproveitei quase todas da casa antiga, mas a do quarto tive de encomendar) e mesa (a nossa era grande e quadrada: linda, mas pouquíssimo prática. Aproveitamos a mudança pra passá-la adiante).

Aviso aos navegantes: a fita adesiva dupla-face é a maior amiga dos donos-de-casa. O modelo grossinho da 3M arranca até o reboco da parede se você não tomar cuidado pra tirar. Aqui instalamos uma tapeçaria na parede e blecaute nas janelas do quarto de casal (enquanto a cortina não vem). Nos próximos dias entram na dança várias gravuras, a cabeceira da cama (que é uma foto-paisagem enorme), quadros de porte modesto, e até um puxador de porta (vamos ver se a fita é potente mesmo).

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O Caso do Novo Lar

Depois de uma certa quantidade de choro e ranger de dentes (a história é longa e envolve de chaves perdidas à imobiliária não ter os dados da proprietária), fechamos o contrato de aluguel e tomamos posse da casinha mais linda do mundo (ou pelo menos da superquadra).

O apto tá todo reformado: praticamente jogaram as paredes no chão e fizeram de novo. A cozinha virou americana, o dce sumiu, aos quartos se juntou um escritório e apareceu uma suíte. No fim das contas, temos três quartos e dois banheiros novinhos e cheios de armários e nenhum espaço nos fundos para badulaques (o que é ótimo, porque aí eu não fico juntando velharias).

Pra completar, é vazado, de canto e nascente (os brasilienses vão entender).

Só tem um defeitinho: é mais caro do que eu queria pagar. O Maridinho teve de fazer uma planilha completíssima com simulações de entradas e despesas para me convencer de que o aluguel cabia no nosso orçamento.

Mas confesso: depois da terceira área de serviço destruída e do segundo banheiro azul-turquesa, eu já estava a meio caminho do convencimento.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O Caso da Primeira Semana em Brasília

Estamos correndo o sério risco de nos apaixonarmos por Brasília.

As superquadras são sossegadas e cheias de verde. O sol é intenso, mas venta que é uma beleza. Maridinho já sabe chegar a quase todo lugar (e até eu, que sou perdida, tenho uma vaga idéia de onde estou andando). E o trânsito... que trânsito, gente?

Já fomos a um bistrô francês e a um cinema bom (pagando meia com o cartão de crédito). Já almoçamos no Aspargus (R$39 o quilo) e no Kiko's (R$13). Já experimentamos os mini-bolos da Casa Doce e o pãozinho francês ótimo do supermercado da quadra.

E quem disse que os brasilienses não são simpáticos? Em todo lado encontrei gente sorridente e educada. E mesmo eu sendo ligeiramente anti-social, começamos a fazer amigos por aqui (com troca de números de celular e tudo).

Ah, é, tem brasilienses não-simpáticos, sim. Eles estão todos nas imobiliárias. Escolhemos um apartamento no final do nosso primeiro dia aqui (segunda-feira passada); desde então estamos tentando fechar o contrato, mas tá um parto, a fórceps. No sábado apelamos para a cesariana. Vamos ver se nasce amanhã.

Se nascer, vamos pedir Brasília pra casar com a gente.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O Caso da Caça ao Apartamento

A programação desse blogue será interrompida para uma sessão de mimimi. Logo após retornaremos com nossa programação normal.

Foi assim: selecionamos 20 apartamentos pelo www.wimoveis.com.br e fizemos uma linda ficha para cada um deles (recomendo). Aí começamos a ligar nas imobiliárias. De cara, uns cinco já estavam alugados. Então começamos o calvário das imobiliárias, iniciando pela que tinha mais imóveis disponíveis (a maior parte só tem um).

As imobiliárias de Brasília não se estabelecem; escondem-se. A sorte é que a gente está com um GPS e o Maridinho é uma bússola humana. Ainda assim, não é sempre que tem lugar para estacionar. E tem de pegar a chave, ir por conta própria no apartamento e depois devolver a chave, e isso achando bom que ela chave está. E é diferente de Fabri. Lá você deixava o carro praticamente na porta e corria na imobiliária em segundos. Em Brasília, não: é tudo amplo, longe, em prédios comerciais e blocos de lojas, com elevador e escada rolante. "Rapidinho" tem outro significado aqui. E o sol, gente, é de matar. Não tem uma nuvem no céu.

E tem os apês do plano piloto. Que são de sentar e chorar. Cujos prédios foram construídos na década de sessenta, junto com a cidade, e podem não-estar-reformados ou reformados-pela-metade ou reformados-nos-anos-oitenta. Tem os minúsculos de dois quartos e um banheiro, pelos quais eu tinha muita simpatia, por motivos econômicos e ecológicos, mas dos quais tive que desistir quando percebi que nossas camas não caberiam neles (sério); tem os de três quartos com suíte, mais caros e mais amplos, com áreas de serviços horrorosas e banheiros assustadores. Os primeiros custam mais que o dobro do aluguel que eu pagava em Fabri; os segundos, três e meio.

Então eu sugiro, para quem quiser procurar apartamento em Brasília: um ótimo mapa; protetor solar; garrafinha d'água; fichas para fazer anotações sobre os apês, porque lá pelo terceiro ou quarto você já misturou tudo e não sabe mais qual tem o banheiro azul-turquesa e qual tem a cozinha destruída; a paciência, muita paciência.

Além de um bom dinheirinho, claro, porque os aluguéis estão pela hora da morte.