domingo, 31 de outubro de 2010

O Caso do Dia D (de Dilma)

Eu e Maridinho fomos votar cedinho. Vestimos nossas camisas vermelhas, botamos nossos adesivos no peito (manifestação silenciosa pode) e nos mandamos para o colégio eleitoral da turma do voto em trânsito.

Na saída encontramos uma mãe e uma bebê que estavam de vermelho e de adesivo (só a mãe) também. E eu fiquei pensando que, se a Dilma for eleita, pra essa menininha vai ser a coisa mais natural do mundo responder "presidenta!" quando perguntarem a ela o que quer ser quando crescer.

Que orgulho, sô.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O Caso da Fofura

Tem um ditado em inglês que diz que "um tolo e seu dinheiro logo se separam". Segundo essa lógica, eu sou espertíssima, porque eu e meu dinheiro andamos agarradinhos. Nem o fato de morar ao lado da "Rua da Moda" aqui de Brasília (é, tem placa e tudo) me tentou. Até porque, depois que decidi usar só sapatos e roupas confortáveis e me lixar para as tendências, a moda perdeu grande parte do seu encanto pra mim.

Não é que eu não ache as vitrines bonitas. Acho. Mas fico olhando com distanciamento, como se estivesse apreciando uma instalação cubista. Nunca fui consumista (tirando uma rápida fase Becky Bloom) e agora não tenho vontade mesmo de possuir aqueles curiosos objetos de tortura para os pés.

Hoje foi uma exceção: fui com o Maridinho trocar uma camisa dele e achei um par de sapatilhas lilás de couro de verdade por um preço aceitável. E comprei. Sim, eu já disse que sapatilhas são obras do demo e todas mastigam meus tendões, mas acho que os fabricantes de sapatos escutaram a minha dor e decidiram reformular seus conceitos. Essa é macia mesmo, juro.

Além de ser lilás, ela tem laço na frente. E eu estava correndo de peças que não fossem mais ou menos unissex. Mas aí me deu um estalo: se os homens não "podem" usar lilás e laços de fita, eles estão perdendo. Sério. Aliás, aos moços em geral nega-se entrada ao reino da fofura, né?

E o reino da fofura é tão legal.

Alguém aí viu A Família do Futuro (Os Robinsons)? Pois é: Yagoobian, o pérfido vilão, gosta de milkshake e tem um fichário do Meu Querido Pônei.

Um cara que sabe se divertir.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Caso do Sebinho

Ontem a gente foi ao Sebinho. Pelo nome, imaginei que se tratava de um esquema Edifício Maletta, no qual os sebos são basicamente corredores com prateleiras no meio. Ou seja, em duas horas você sai de lá com a sensação triunfante que viu tudo e descobriu todas as pérolas do lugar.

Ledo (ou lido) engano. O Sebinho é um sebão. Tem vários ambientes, subsolo, restaurante. Seção de livros em inglês, francês, japonês. Vende cd, dvd, mangá, sorvete. É praticamente uma atração turística.

Saí de lá com quatro livros sobre jornalismo, A Insustentável Leveza do Ser e uma dor de cabeça. Xingando as editoras, que não decidem se põem o título na lombada de cima pra baixo ou de baixo pra cima (resultado: torcidas de pescoço intermináveis na frente das estantes). E me perguntando por que diabos eu não fiz faculdade em Brasília e arrumei um emprego de meio horário no Sebinho, poxa.

sábado, 2 de outubro de 2010

O Caso do Feminismo e os Bebês

Vou ser tia pela primeira vez, e estou feliz da vida. A irmã D. está grávida: o pequerrucho chega em dezembro.

A irmã D. sempre achou que ia ter uma menina. Tanto que, quando fez a lista de nomes, só pensou nos femininos.

Entrei na onda e comecei a fazer planos feministas para minha sobrinha. Nada de dar de presente bonecas barbie ou cozinhas cor-de-rosa, ou dizer que ela é uma princesinha (porque os avós, os amigos e o mundo já vão fazer isso o suficiente). Não, eu seria a tia que daria Legos, carrinhos, conjuntos de química e bolas de futebol. Que ia ensiná-la a bater de volta (em legítima defesa) nos coleguinhas ao invés de ir choramingar com a professora. Que ia dizer que ser física, astronauta ou presidenta é muito mais legal que ser modelo.

Mas a irmã D. e eu esquecemos de combinar com o feto, e ela vai ter um menino.

Fiquei meio no ar. Não sei se sei lidar com meninos: lá em casa somos três moças, e os primos são muito mais novos. Antes dos sete anos, eu não via diferença entre coleguinhas e coleguinhos (inclusive aplicando mordidas quando achava necessário); depois disso, fui para um colégio conservador, que era misto mas que botava o nome dos meninos todos no início da chamada e não incentivava muito a interação.

Em suma, eis meu problema: como é que se cria um sobrinho feminista?