Saímos de casa às três da tarde e voltamos às cinco do dia seguinte. Porque, vejam bem, a irmã I. tem mestrado e doutorado na ciência da diversão. Eu me diverti adoidado, dançando, cantando, pulando, tomando chuva, andando quilômetros, pegando ônibus lotadíssimo depois do show, cantando músicas da Shakira com a galera no ônibus lotadíssimo depois do show, terminando a noite num inferninho na rua Augusta. Sabe o que me incomodou? Nada. Porque eu estava de tênis e jeans, cara lavada e rabo de cavalo.
No show tinha umas meninas arrumadas, de bota de salto alto e maquiagem. E eu achei graça porque, um tempo atrás, eu provavelmente estaria assim. E provavelmente meus pés começariam a doer lá pelo começo da noite, e eu não teria pulado tanto, ou dançado tanto, ou ficado em altas filas com tanto bom-humor. (Mas essa sou eu: de repente as meninas arrumadas não tinham nervos nos pés e aproveitaram de montão.)
Enfim, a moral da história é: conforto é o que há. E olha que eu não estou falando de conforto como em "deitada numa cama de plumas sendo abanada com folhas de palmeira", mas como simples ausência de desconforto, ou de roupas que apertam, sapatos que machucam, bolsa que pesa etc. etc.