sábado, 30 de maio de 2015

Preguiça X Ambição

Eu sempre fui uma trabalhadora exemplar, empolgada e pró-ativa. Mas, no sabático, descobri que, no meu tempo livre, ando bem preguiçosinha. Antes de fazer qualquer coisa, penso se vale a pena, se não é muito esforço, se não é melhor ficar deitada na caminha, se dá pra deixar pra depois e por aí vai.

Considerando que eu não tenho filhos nem bicho de estimação e que cumpro minha parte (que é a menor, confesso) dos afazeres domésticos, aparentemente ninguém é prejudicado pela minha indolência. Eu tenho emprego, pago minhas contas, não dou trabalho pros outros e, portanto, tô livre pra deitar na rede e ver o tempo passar.

Então tá tudo resolvido e é só aproveitar - só que não. Depois de um tempo preguiçosando eu começo a pensar nas coisas que podia fazer se eu tivesse mais animação. Aí leio uns livros de motivação.

Adianta nada.

Tá faltando objetivo na minha vida. Até tentei arrumar umas metas que racionalmente faziam sentido, mas a disciplina não durou mais do que alguns dias.

A verdade é que eu nem cheguei aos 40 e meio que já fiz tudo que queria nessa vida. É uma sensação bem bizarra.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

59 segundos para mudar

Eu adoro livros de pesquisadores que aplicam estudos à vida prática. Mas confesso que muitos deles sofrem da síndrome da inflação de páginas. Isto é, a editora pede para o autor 300 páginas, porque quer publicar um livro, e o escritor enche o manuscrito de historinha pra fazer o negócio render.

No começo, achei uma técnica válida. Mas, depois de um tempo, comecei a me impacientar com as anedotas e episódios autobiográficos (até porque eles passam a se repetir). Aí começou a rolar uma leitura dinâmica com foco na conclusão.

Outra solução possível é o livro "59 seconds: think a little, change a lot", do Richard Wiseman (em português, "59 segundos - pense um pouco, mude muito", da editora Record). Para responder à pergunta de uma amiga, que queria maneiras de mudar para melhor baseadas na ciência e de rápida - rapidíssima! - aplicação, o autor fez um apanhado de estudos em diversas áreas do comportamento cujos resultados geraram dicas práticas e imediatamente eficientes.

(Obs: eu gosto de botar links para a Amazon porque geralmente cada livro tem um monte de resenhas, classificadas conforme o número de estrelas (de 1 a 5). Dá para ter uma ideia bem razoável se o livro interessa ou não, principalmente se a gente começa lendo as críticas mais duras.)

Então o livro tem duas vantagens: a primeira é condensar as conclusões de várias obras numa só (aí, quem quiser saber mais sobre algum(ns) dos estudos que ele menciona pode ir atrás do livro ou artigo correspondente). A segunda é apresentar estratégias de mudança bem ágeis.

Ah, tem o livro na Estante Virtual a partir de 12 reais. Bom, né?

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Dicas práticas para quem quer gastar menos do que ganha

Acho que ninguém discorda que viver abaixo de seus meios é uma ótima ideia. Mas falar é mais fácil do que fazer, né? Muita gente tem dificuldade com isso. E não necessariamente porque ganha pouco: conheço várias pessoas que têm ótimos salários - muito maiores que o meu! - e não conseguem se manter no azul.

Então vamos lá: para gastar menos do que se ganha a receita é...

Passo 1) raio X da situação financeira

Para isso, são necessários duas apurações:

I) saber exatamente quanto entra todo mês. Isto é, salário líquido + rendimentos em geral (ganhos em aplicações, aluguéis etc.)

Alerta importante: cheque especial e limite do cartão de crédito não entram nessa conta! Só porque o dinheiro está disponível não quer dizer que ele seja nosso. Muito antes pelo contrário; os juros desses recursos são altíssimos. O privilégio de usá-los custa muito caro no fim do mês.

Já 13º, 1/3 de férias e restituição de imposto de renda entram na conta, sim. Mas é bom lembrar que eles só ficam disponíveis em momentos determinados e, portanto, não devem ser empregados antecipadamente (alguns bancos adiantam a restituição, mas eles cobram - caro - por isso.

II) saber exatamente quanto sai todo mês. Saber mesmo, na ponta do lápis. "Ter uma ideia" não é suficiente.

Não precisa de muita tecnologia. Um caderninho e uma caneta resolvem. Planilhas no computador e programas de gerenciamento financeiro são ótimos, mas se for complicar a vida, e melhor deixar pra lá (ou para um segundo momento).

O objetivo é saber exatamente quais gastos estão sendo feitos. É legal dividi-los em categorias. Por exemplo:

- gastos fixos: aluguel/financiamento, condomínio, água, luz, internet, mensalidades de escola/faculdade, curso de línguas, natação;

- gastos variáveis: alimentação, supermercado, gasolina, farmácia, saídas, presentes;

- gastos anuais: IPVA, IPTU, matrículas.

Depois de uns dois meses anotando, dá pra ter uma ideia bastante boa da situação financeira. Aí é hora do

Passo 2) análise da situação financeira

Nossos rendimentos são maiores do que nossos gastos? Ótimo. São parecidos? Muito bom, mas arriscado - um imprevisto pode atrapalhar o equilíbrio. São menores? Precisamos agir imediatamente.

Há duas maneiras de equilibrar a equação: uma é ganhando mais, outra é gastando menos.

Mas se dedicar só à primeira não resolve: tem gente que, quanto mais ganha, mais gasta. Então, manter o controle das despesas é essencial.

Então, vamos nos fazer duas perguntas:

- dá pra ganhar mais? Às vezes não é tão difícil: tirar o dinheirinho que está na poupança e aplicar na renda fixa, nesse momento, é uma boa. Dá pra fazer hora extra? Pedir aumento de salário? Mudar de emprego? Cabem muitas reflexões nessa hora, inclusive a eterna "o que é mais importante para mim, tempo ou dinheiro"?

- dá pra gastar menos? Esse lado da equação é mais fácil de manipular, porque está principalmente em nossas mãos. Conseguir um aumento depende de um terceiro, o chefe; diminuir o número de saídas - ou preferir restaurantes mais baratos -, não.

É também mais doloroso. Afinal, significa basicamente questionar nosso modo de vida. As pessoas tendem a achar que todos os nossos gastos são essenciais, e de fato são - para a maneira como a gente se vê, como definimos conforto, como definimos sucesso. Mas não, obviamente, para nossa sobrevivência.

Vamos ser sinceros: precisar, precisar mesmo, a gente precisa é de um teto, água encanada, energia elétrica, alimentação e roupa. Transporte, para chegar ao trabalho. Escola para as criança, para quem tem. E, vá lá, internet.

O resto, gente, é conforto, alegria e satisfação, mas necessidade não é. Sim, nem só de pão vive o ser humano, mas estamos falando do mínimo, né (sem nem entrar na questão de que existe muita gente que nem esse mínimo tem).

(E mesmo o mínimo é gerenciável. Dá para procurar um aluguel mais barato, economizar energia, tomar banhos mais curtos, gastar menos com roupa - o que pode significar comprar menos peças de roupas mais caras e que durem mais -, ter um carro econômico ou usar transporte público...)

Se em vez de pensar em cortar do nosso total, fizermos a conta do mínimo necessário e depois irmos acrescentando "agrados", talvez fique mais fácil montar o orçamento. Diminui aquela sensação de perda, sabe?

Passo 3) ação

Porque não adianta fazer os melhores controles e análises do mundo deixar de colocar as decisões em prática, né?

Enfim, o assunto é complexo e rende um monte de posts. Para mim, é muito interessante conversar sobre o tema porque daqui uns meses eu começo "a vida normal" (morar em Brasília, voltar a trabalhar) e aí vou ter de fazer todas essas opções: morar de aluguel ou financiar um imóvel? Escolher um apartamento mais bonito ou mais econômico? Quanto dinheiro estou disposta a gastar para mobiliar o novo lar? Vou andar de carro ou de ônibus? Se carro, novo ou usado, popular ou sofisticado? Que porcentagem do salário reservar para a diversão? Quanto quero guardar para o próximo projeto/aventura?

É como se eu estivesse começando minha vida de casada de novo. Só que agora eu estou mais esperta...

quarta-feira, 13 de maio de 2015

A melhor dica financeira do mundo

Se o assunto é educação financeira e eu pensar em todos os livros, artigos e blogs que li, conversas que tive e conselhos que recebi, a ideia mais legal e mais eficiente é:

Viva abaixo de seus meios

ou 

Gaste menos do que ganha

Não tem conversa: para investir, empreender, ter tranquilidade financeira, o primeiro passo é esse. Não adianta ganhar milhões se gastamos esses milhões. Não adianta aumentar a renda se o consumo aumenta junto. Não adianta saber tudo sobre o mercado de ações se não sobra dinheiro no fim do mês para aplicar. 

Como diz meu pai, 

Você não fica rica com o que ganha, você fica rica com o que guarda. 

Quem tem gastos mensais iguais ao salário está lascado: qualquer imprevisto é suficiente para deixar a pessoa endividada. Sem falar nas épocas de vacas magras: desde que chegamos ao Brasil, tem gente dizendo que a coisa não tá pra peixe. Se você vive abaixo de seus meios, não precisa mudar seu estilo de vida e sofrer quando a renda cai. Você passa a economizar menos, é tudo. 

Eu sempre vivi abaixo dos meus meios (é, não gastava tudo do meu salarinho de estagiária). Fazia isso porque era pão-dura mesmo, mas hoje vejo que foi um ótimo hábito a ser adquirido. 

Isso não quer dizer que eu não gasto nada, nunca. Ao contrário: gastei um bocado viajando. Mas só consegui juntar essa grana... vivendo abaixo de meus meios. 

(E digo mais: limites que a gente mesmo se impõe estimulam a criatividade que é uma beleza.) 

terça-feira, 5 de maio de 2015

Sofisticação

Meu sobrinho, brincando com blocos de madeira:

- Nesta garagem aqui vão ficar os carros finos.

Eu (para mim mesma):

- Nossa, meu afilhado tem 4 anos e é um conhecedor de automóveis. De um lado ele vai colocar os veículos sofisticados e...

Meu sobrinho:

- E nesta aqui vão ficar os carros grossos.

A questão era a largura dos carros, né.

Resumo da ópera: às vezes a gente acha que está escutando "Analisando essa cadeira, ela é de praia", mas é "Analisando essa cadeia hereditária" mesmo...


sábado, 2 de maio de 2015

O emprego que eu nasci pra ter

Depois de passar por várias experiências profissionais e de explorar profundamente minha alma, descobri o que eu nasci pra ser: life coach.

"Conte-me seus problemas. Vou
resolvê-los todos."
Life coach é o nome metido a besta para a pessoa que você paga pra te dizer como viver sua vida.

Eu já sou uma life coach - isto é, sei muito melhor do que a/o indivíduo o que ela/e devia fazer - informal. Isso me traz duas dificuldades:

1) não ganho nada com isso (além de inimizades) e;

2) as pessoas não me obedecem.

Formalizado o metiê, não só receberei uns trocados como terei a imensa satisfação de ver o povo seguindo minhas sábias instruções.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

A pegadinha do eu passado

Há uns dias falei da pegadinha do eu futuro (a mania que a gente tem de empurrarmos atitudes que precisamos tomar para depois, na esperança que nossos eus futuros tenham mais disposição - e sim, tem tudo a ver com procrastinação).

Aí fiquei pensando que às vezes as pessoas também avaliam mal seus eus passado. Isto é, ficam pensando que podiam ter se esforçado mais, ou tomado decisões diferentes, ou, ou...

Em outras palavras, imaginam que o eu passado tinha mais tempo, mais informação ou mais sabedoria que o eu de hoje - e não tomaram a decisão "certa" porque fizeram corpo mole ou não quiseram parar pra pensar. E não é verdade, né?

É claro que a gente comete erros e é legal ter consciência deles, até para corrigi-los. O que não dá é pra julgar o nosso eu de um ou vários anos atrás com o conhecimento e a experiência que temos hoje. Porque naquela época, claro, a gente não tinha!

(Sem falar que o universo é um brincalhão. Restrições que pareciam sensatas no momento podem acabar se revelando desnecessárias, e grandes riscos podem compensar - assim como tudo pode dar errado.)

Então, acho que o melhor é considerar que os "eus passados" fizeram o melhor que podiam naquelas circunstâncias. E parar de prestar atenção demais na imagem do retrovisor. (Eu sei, é brega. Mas foi a imagem que eu achei. Literal e metaforicamente.)