quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Gostar eu gosto mesmo

Gostar eu gosto mesmo é de ler livros e comer chocolate e mastigar umas pipocas o dia inteiro. Gostar eu gosto mesmo é de ficar em casa, almoçar sozinha e recusar convites. Gostar eu gosto mesmo é de não ter horários, obrigações ou agenda. Gostar eu gosto mesmo é de dar uma dormidinha em vez de me exercitar.

Mas quando eu faço só o que eu gosto, gosto mesmo, acabo emburrada e entediada e levemente deprimida. Infelizmente eu preciso de outras fontes nutricionais, de outros tipos de diversão, de contato com as pessoas, de objetivos e metas. Acho isso detestável, porque eu me esforço justamente para chegar ao lugar onde eu posso fazer o que eu gosto, gosto mesmo, mas quando chego lá, me aborreço profundamente.

O jeito é fazer um monte de coisas que não tenho vontade - pelo menos no começo. Depois que começo a socializar, caminhar, fazer listinhas de onde quero chegar, aí pego embalo e fico toda animada.

Segundo uns livros que já li (desculpem, não me lembro mais quais), um bom truque para fazer atividades que fazem bem, em vez de aquelas que a gente gosta, gosta mesmo, é preparar o ambiente adequadamente. Eu, que me perco no buraco negro internet + redes sociais, tirei o notebook de cima da mesa e guardei dentro de um gaveta no quarto - assim, não é automático grudar nele toda vez que chego em casa. Meus queridos chocolates? Foram para as profundezas do armário. Dormidinhas? Agora a regra é não ler na cama, só sentada, a não ser que já seja hora de dormir. E os tênis ficam bem à vista, para me lembrar que, chegando do trabalho, é hora de ir caminhar.

Acho que o que mais tem feito diferença é mesmo o laptop. É muito fácil se distrair com a imensa riqueza da internet. Sem ele, eu me divirto estudando um idioma, escutando música ou lendo um livro com atenção (sim, às vezes eu leio e navego ao mesmo tempo. Não presta).

Para fechar, é exatamente aquilo que um dos livros que já li diz: o ser humano não sabe o que o faz feliz. Ele acha que é ler livros e comer chocolate e mastigar umas pipocas o dia inteiro (ou tomar todas ou trabalhar demais), mas nem é. Rola uma satisfação, sim, mas ela é passageira.

sábado, 15 de dezembro de 2018

Pode confiar

Já fui aquela pessoa que não jogava nada fora, nunca. Vivia pelo lema "Quem guarda tem". Depois que me tornei minimalista, lá em 2011, o jogo virou: tenho poucas coisas e me esforço para continuar assim. Quando ganho um presente ou, mais raramente, compro alguma coisa, tento logo doar ou me desfazer do similar.

Confesso que, quando comecei, me preocupei com a possibilidade de me livrar de um objeto de que, eventualmente, poderia precisar ou querer. Mas isso não aconteceu. Muito de vez em quando, me lembro de algo que eu bem que podia usar. Pois bem: vou investigar no armário e, na maioria das vezes, lá está ele.

Isso não quer dizer que eu não jogue nada fora, nunca: quer dizer que a minha experiência é que a gente sabe avaliar bem o que vale a pena guardar. O último exemplo foram calças pretas sociais que herdei. Na época, elas ficaram um pouco largas. Mas, depois do período na Alemanha, fiquei pensando que ela viriam bem a calhar. Fui procurá-las, crente que tinha me desfeito delas, e voilà: estavam bonitinhas no cabide.

O segredo, obviamente, é só manter as coisas que fazem sentido. Sempre preciso de calças pretas para trabalhar. Vestido colorido ou blusa estampada? Nem tanto.

Então é isso: quer se livrar dos excessos? Vá em frente. Você sabe do que precisa. Pode confiar.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Y ahora? Español

Lembram que em junho fiz prova de nivelamento de francês? Pois então, naquela época aproveitei e fiz de espanhol também.

Estudei espanhol durante uns meses em 2003, em um curso daqueles que se ganhava por telefone. (Ligavam para sua casa, diziam que você tinha sido sorteado e que só tinha que pagar o material. Achei que era golpe, mas estou tentando descobrir a pegadinha até hoje: de fato só paguei o material, e de fato teve aula.)

Depois não fiz outros cursos, por pura teimosia: quando morei em Coronel Fabriciano, no interior de Minas, havia uma escola de idiomas a um quarteirão da minha casa. Eles ameaçavam abrir turmas de francês a cada semestre e nunca abriam, mas espanhol sempre tinha. Só que eu não queria espanhol, queria francês. No fim das contas não estudei nenhuma das duas. Que boba.

Mas a gente sempre tem um pouco de contato com a língua espanhola, né? Desde então, li livros, escutei música (Shakira, Shakira), passeei em países hispânicos e, no teste de nivelamento, blefei o suficiente para me colocarem no nível intermediário 1.

Fazer o teste veio bem a calhar: vai ter curso intensivo no começo do ano (aulas todos os dias, do meio de janeiro até o início de fevereiro), e só vai poder se inscrever quem já fez o nivelamento.

Meu nível de espanhol não é beeeem o intermediário, pero no hay problema: tenho até o meio de janeiro para estudar, oras.

Depois do russo, vai ser um alívio.

sábado, 8 de dezembro de 2018

A loucura dos livros

Desde criança eu sou a doida da leitura. Passava todos os dias na biblioteca do colégio para pegar um livro, e no dia seguinte já estava trocando. Aproveitava e lia também os que minha irmã mais velha pegava. O resultado é que liquidei todo o acervo da biblioteca. Isso não foi muito bom para minha vida social, mas ótimo para minhas notas.

Quando entrei na faculdade de direito, confesso que não achava a biblioteca jurídica lá muito atraente. Logo descobri uma livraria próxima à faculdade que vendia livros e revistas estrangeiras a preços módicos (áureos tempos da paridade com o dólar). Pronto, passei a ler em inglês também.

Não preciso dizer que, com o surgimentos dos leitores eletrônicos, a loucura dos livros foi ao ápice. Há uma quantidade incrível de livros pela internet. Um dos meus hábitos é consultar minhas fontes diariamente para ver se surgiu alguma novidade interessante. Ou vagamente interessante.

Com toda essa riqueza, fiquei muito exigente. Comecei a ler, não gostei? Apago do Kindle na hora (mas mantenho uma cópia no computador, né, porque vai que depois preciso).

Com toda essa riqueza, fiquei meio distraída. Leio vários livros ao mesmo tempo, esqueço o nome dos autores, confundo títulos. Às vezes um único capítulo me deixa satisfeita. Às vezes paro no meio e nunca mais volto.

Esse método (que método?) talvez não seja o melhor para a aquisição de conhecimento. Mas me divirto horrores.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Acabou! O curso de russo. Por enquanto.

Foram só dez aulas - duas por semana, durante um mês e pouco -, e eu ainda perdi as três primeiras. Então não posso reclamar (muito) do fato de eu não estar lendo as grandes obras da literatura russa no original. Mas confesso que estou um pouco frustrada, sim.

Minha maior dificuldade foi (é!) o alfabeto cirílico. Aprendi todas as letras, mas ainda me sinto analfabeta. Diante de uma frase, tenho de ir decifrando caractere por caractere, o que é trabalhoso e demorado. Quando escuto um palavra nova e quero anotar, então, é outro sofrimento. Enquanto brigo com cada hieróglifo russo, a professora já despejou mais conteúdo.

Como eu disse, senti muita vontade de matar umas aulas e/ou largar o curso pelo meio. Finalmente compreendi aqueles colegas de turma que não conseguiam acompanhar uma matéria e perdiam totalmente o interesse - não faziam mais dever, não chegavam na hora, não estudavam para a prova. De fato, quando perdemos (ou nunca encontramos!) o fio da meada, aprender se torna complicado e sacrificante.

Mas resisti: fui direitinho a todas as aulas, busquei material alternativo, estudei em casa. De falta de boa-vontade não podem me acusar.

O curso terminou hoje com uma prova oral em que maltratei o russo com a desumanidade de um espião da Guerra Fria. A professora ajudou e acho que ela vai aprovar todo mundo, mas não saí feliz, não. 

Estou me consolando com o fato de que, hoje, sei mais do que sabia antes do curso (antes do curso eu sabia basicamente zero, ноль). O plano é continuar estudando por conta própria e, se no próximo semestre russo for uma das línguas oferecidas, estou dentro.

Mas não serei a coleguinha exibida, prometo.

* * *

Antes de sair para Munique, consegui fazer uma aula de alemão e achei bem difícil. Foi só começar a estudar russo para perceber que, na verdade, alemão é moleza. Alfabeto latino! Parentesco com o inglês! Só quatro casos de declinação!

Ou seja, preciso urgentemente de uma aula de mandarim. Perto dos ideogramas chineses, o alfabeto cirílico vai ficar facinho, facinho.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Coincidências

Voltei de Munique trazendo um documento, perdido no aeroporto, de uma pessoa que mora em Brasília. Ontem o moço me ligou para combinarmos a entrega e me perguntou, para minha grande surpresa, se não havíamos sido colegas de faculdade.

Não reconheci nem a foto nem o nome no documento, mas, quando joguei os dados na internet e espremi os neurônios, resgatei umas lembranças do fundo do baú. Não é que estudamos juntos mesmo?

Aí fui calcular há quanto tempo isso aconteceu. Pois bem, nossa turma se formou há 20 anos. Duas décadas! E tem outra: depois da formatura mudei de área, de cidade(s) e de emprego. Perdi totalmente o contato com a turma da faculdade. Não é à toa que não liguei o nome à pessoa (ou me lembrei, do nome ou da pessoa).

Mas achei uma coincidência legal. É muito interessante encontrar pessoas do passado. Fico curiosa para saber como a vida delas seguiu. Deu tudo certo? Estão onde gostariam de estar? Curtem trabalhar na área? Houve surpresas na jornada?

Tem um elemento de caminho não tomado, sim. Se eu tivesse seguindo aquele roteiro, como eu estaria hoje? Mais ou menos feliz? Mais avançada na carreira, isso com certeza (pelo menos não mais em estágio probatório!).

Cá pra nós? Desconfio que meu nível de satisfação seria parecido. Há pesquisas mostrando que as pessoas têm um ponto mais ou menos fixo de felicidade e tendem a retornar para ele, mesmo quando coisas muito boas (ganhar na loteria) ou muito ruins (sofrer um acidente) acontecem. A gente vira pra lá e pra cá e tenta tomar as melhores decisões, mas na maioria das vezes não escolhemos entre uma opção desastrosa e uma sensacional, mas entre possibilidades razoáveis, cada uma com suas vantagens e desvantagens.

Amanhã reencontro o ex-colega para devolver o documento. Vamos ver o que ele diz do rumo que tomou.

* * *

O ex-colega não estava exuberantemente feliz, mas me pareceu tranquilo e alegre. Tem um ótimo emprego, uma esposa, duas filhas. Contou que passou da fase "vou fazer do Brasil um lugar melhor" para a fase "faço meu trabalho com dedicação, mas sem ilusões".

Fiquei contente de saber que ele está bem.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

A segunda parte do show

Quando completei 40 anos, não tive crise de meia-idade, mas passei a ter consciência da minha própria mortalidade. Partindo do pressuposto de que viverei razoavelmente bem até os 80 (e aí partir estarei pronta para embarcar no programa de eutanásia mais próximo se a saúde falhar), agora estou na segunda e última parte da minha vida - sem esquecer que nessa fase o tempo parece passar cada vez mais rápido.

Tenho lido livros e artigos sobre maturidade e velhice. Ainda me sinto bem jovem, até porque meus colegas de concurso são bem novinhos e tenho convivido muito com eles, mas gosto de saber o que vem pela frente. Muita informação não é novidade: é importante se manter ativa, evitar excessos, cultivar amizades, dormir bem. Outros dados são inesperados: pesquisas mostram que a felicidade da maioria das pessoas cai entre 20 e 40 anos, e começa a subir de novo aos 50. Tem a ver com o estresse de se estabelecer economicamente, construir um patrimônio e cuidar dos filhos, que só se tornam independentes após a adolescência.

Como não tenho filhos, não estou nem um pouco estressada (e talvez minha felicidade após os 50 não aumente tanto, já que também não terei netos). Mas acredito que, se não tivesse mudado de emprego, estaria reavaliando minhas escolhas. É isso que quero? Meu trabalho tem significado? Fico feliz com a ideia de seguir essa carreira por mais 20 anos? (Quando comecei a trabalhar, a perspectiva era me aposentar aos 55, mas acho que não vai rolar. Estou contando com uns 65.)

Acho que a vantagem de ficar mais velha é ficar mais pé no chão. Não dá mais tempo de virar astronauta ou estrela de Hollywood. Os limites ficam mais claros.

As possibilidades também.

domingo, 25 de novembro de 2018

Pra cá e pra lá (com muita ou pouca bagagem)

Uma das maneiras mais fáceis e recompensadoras de embarcar no minimalismo é imediatamente antes de uma mudança. Se for para um lugar menor, melhor ainda. Fazer uma seleção do que realmente importa não só facilita o transporte dos objetos como a mudança de cenário faz com que você nem sinta a falta deles. Casa nova, vida nova!

Logo, imaginei que pessoas para as quais a mudança de endereço é um estilo de vida (isto é, meus colegas de trabalho) seriam craques nisso. Se de tantos em tantos anos você tem de empacotar tudo e partir para um destino totalmente diferente, não é prático carregar pouca coisa? Tanto para não se preocupar com atrasos na mudança e com danos nos móveis como para ter espaço, na casa e na alma, para novos hábitos e estilos de vida. Móveis de varanda não serão muito usados na Sibéria. Equipamento de esqui vai ficar encostado na Índia. Eletro-eletrônicos provavelmente vão exigir tomadas e voltagens diferentes. E por aí vai.

Perguntei a uma colega que cuidava de transporte de bagagem se os contêineres da galera iam ficando menores à medida em que a carreira progredia. Para minha surpresa, ela disse que não. Ao contrário: quanto mais anos de trabalho, mais coisa a pessoa juntava.

Fiquei sem entender até que, um dia, tive um insight: se a pessoa está cada par de anos em um país, ter em torno de si objetos familiares pode dar um sentido de continuidade e segurança. Principalmente para cônjuge e filhos, porque o servidor do serviço exterior tem pelo menos sua carreira para se agarrar psicologicamente. O acompanhante tem de se virar para (re)encontrar sua identidade a cada novo posto.

Dito isso, acho que existe uma grande distância entre possuir apenas 50 objetos e acumular pilhas de bens. Imagino que seja muito fácil adquirir obras de arte, artesanato, louça, roupa e equipamentos toda vez que a pessoa se instala em um território diferente. Tanta novidade! Tudo tão bonito e colorido! Mas imaginem o trabalho e a dor de cabeça a cada realocação.

É verdade que, de 2013 a 2015, ficamos sem casa por 26 meses, então eu não podia juntar coisas, ponto. Minha próxima mudança vai ser diferente: iremos para um lugar fixo onde ficaremos por pelo menos dois anos. Ou seja, vai ser possível (e até fácil!) me deixar seduzir pelo consumo e pela acumulação.

Mas acho que não vai acontecer, viu? Voltamos para Brasília e mantivemos nosso estilo de vida simples e desapegado. Pensamos seriamente em, quando formos removidos, alugarmos um apartamento mobiliado e levarmos pouquíssima coisa do Brasil.

Só paçoquinhas e cachaça.

sábado, 24 de novembro de 2018

Bodas de prata

Eu e Leo fizemos 25 anos de namoro + casamento em maio deste ano. Continuamos um casal fofinho, que sente saudades um do outro se passa um dia sem se ver (desculpaê).

Uma amiga perguntou qual era o segredo do sucesso e eu, após matutar um tanto, respondi: encontrar a pessoa certa. E como você encontra a pessoa certa?, ela indagou. Bem, no meu caso ele bateu na minha porta, confessei (é verdade: o Leo foi colega de faculdade da irmã mais velha e foi fazer um trabalho em grupo na minha casa).

Ela disse que eu estava de sacanagem, mas juro que eu não estou escondendo o ouro. O Leo é a pessoa certa para mim, e eu a pessoa certa para ele. Começamos a namorar cedo (eu tinha 17!) e fomos crescendo na mesma direção (em vez de cada um pra um lado, o que às vezes acontece). E ainda demos a sorte de casar e ir morar longe das famílias - elas são ótimas, mas aprendemos a contar 100% um com o outro, já que não dava para ter uma discussãozinha e dizer que ia dormir na casa da mamãe.

Outra coisa que funcionou pra gente foi não ter filhos. Sei que muita gente tem e os ama muitíssimo, mas não dá para negar que eles são fonte de preocupação e stress (e orgulho, e alegria, e realização também). Abrir mão de crianças nos deixa livres, leves e soltos para ter uma vida de luxo e ostentação (viajar a qualquer hora, almoçar brigadeiro, mudar de carreira, não ter carro) e dar toda nossa atenção um ao outro. De um de nós morrer cedo, o que ficar está lascado? Está. Mas resolvemos correr o risco #vidaloka.

Então, acho que basicamente demos uma sorte danada.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Aula de russo (ou de humildade)

Como estava em missão, perdi as 3 primeiras aulas do curso de russo básico. Estudei o alfabeto cirílico por conta própria e cheguei toda pimpona, crente que ia abafar.

Só que não. Aprendi (mais ou menos) o alfabeto cirílico em letra de forma, e a professora só usa cursiva. Passo metade da aula tentando decifrar que diabos está escrito no quadro-negro, e a outra metade anotando desesperadamente o som das palavras que ela fala. Chega uma hora que basicamente ergo os braços para o céu e desisto de ambas as coisas. Enquanto isso, a professora começa a ensinar conjugações (!!!).

Para completar, um dos colegas leva muito jeito e/ou já estudou russo antes, ou seja, responde todas as perguntas da professora enquanto eu arregalo os olhos. Reclamei com o Leo que o moço makes the rest of us look bad, e o Leo riu. E acrescentou: "bem-vinda a como a maioria de nós se sente."

Confesso que costumo ser a queridinha do professor nas aulas de línguas. Gosto de idiomas e sou caxias, então faço os exercícios, pratico em casa, entrego as redações. Aí acabo me saindo melhor do que alunos que têm menos interesse. Mas, nesse curso, nem dever de casa tem! Vocês podem imaginar a minha frustração.

Outro colega também perdeu o começo do curso. Ele foi a uma aula e depois não apareceu mais. Pelo jeito percebeu que ia ser muito sofrimento.

E é. Sinto vontade de desistir também? Sinto. Mas cheguei à conclusão de que continuar frequentando as aulas vai ser bom para mim. Além de aprender um pouquinho de russo (mais do que aprenderia se não fosse!), espero introjetar o fato de que não ser uma das melhores alunas da sala não mata ninguém.

Só de raiva.

domingo, 4 de novembro de 2018

De volta!

Nem acredito que estou de volta à minha casinha!

Ficamos muito bem instalados em Munique (o chão do banheiro era aquecido; a luz do hall,  automática; a roupa de cama, deliciosa). Ou seja, não senti falta do nosso apartamento. Mas uma casa montada pela gente, com tudo que precisamos e gostamos, é outro nível de conforto, né?

O período na Alemanha foi ótimo. Tão bom que me reconciliei com o país: se aparecer Berlim, Frankfurt ou Munique no meu futuro, irei bem contente. Só não vai mais para o alto da lista porque a língua não é mais fáceis. Aliás, tomei um pito (em inglês) de uma senhora no ônibus por não falar alemão: segundo ela, já que eu ia ficar dois meses por lá, tinha que ter me virado e aprendido alguma coisa. Respondi que ela tinha razão. Meu ponto chegou e eu desci, sem ter tido a oportunidade de explicar que eu gostaria de ter estudado um pouquinho, sim, mas que o trabalho não deixou.

Entre bretzels, cerveja, sorvete e chocolate, a dieta low-carb foi para o espaço, sem o menor drama. Agora estou avaliando se vale a pena voltar para ela. Ganhei de volta os 2 quilinhos e pouco que eu tinha perdido, mas também lembrei como carboidratos são gostosos. E como não é questão de saúde, mas de vaidade mesmo, talvez ela fique guardada para quando as roupas de trabalho ameaçarem não caber mais de novo.

Estou animadíssima para voltar ao trabalho, encontrar os amigos, contar as novidades, distribuir chocolates. E terça-feira tenho aula de russo! O alemão não deu certo, o espanhol também não, mas acho que agora vai.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Um turbilhão de emoções

Minha primeira missão está sendo uma montanha-russa de sentimentos, dos melhores aos piores, tudo junto e misturado. Tem a alegria de estar trabalhando no exterior, a expectativa em conhecer a realidade do posto, a insatisfação com algumas tarefas mecânicas, o desafio de organizar as eleições. Junte-se a isso um ambiente meio tenso, colegas que não se bicam, uma chefia que está de saída e com problemas de saúde... dá pra imaginar a confusão, né?

Tenho trabalhado muito, com vontade. Foram poucos os dias em que não fiquei até mais tarde. Tenho aprendido bastante, tanto sobre as funções do ministério fora do Brasil quanto sobre a dinâmica interpessoal nos postos. Tenho lidado com ansiedade em excesso, tentando controlar coisas sobre as quais não tenho o menor controle. E tenho passeado muito - todos os fins-de-semana em que não trabalhei. A Baviera é uma região linda.

O resultado é que os dois meses na Alemanha voaram. Nem acredito que já chegou a última semana.

domingo, 23 de setembro de 2018

Minha primeira missão

Eu estava bem ansiosa para ser enviada para trabalhar no exterior. Afinal, o plano é seguir nessa carreira pelos próximos 20 ou 30 anos. Um dos objetivos, declaradíssimo, é morar fora do Brasil, mas também quero fazer um bom (de preferência ótimo) trabalho e, na medida do possível, enxergar propósito e significado no que faço.

Estou adorando Munique. É uma cidade linda, excelente para se viver, e estamos pegamos a época mais agradável do ano: temperaturas amenas e lindos dias de sol. Posso me imaginar vivendo bastante tempo aqui. Posso até me imaginar aprendendo alemão!

Quanto ao trabalho, é um pouquinho mais complicado. É claro que só fui mandada pra cá porque há menos gente do que o necessário atualmente e, portanto, serviço acumulado e muito problema para resolver. O que não me assusta, só me faz sair mais tarde todo dia, porque sempre tem mais uma coisinha que quero fazer.

Mas é um trabalho bem operacional, sabe? Não é desenvolvimento de estratégias ou rompimento de paradigmas. As grandes decisões são tomadas em Brasília, e a gente põe em prática (o que pode ser bem complicado e trabalhoso, é verdade). Isso não é necessariamente ruim: nada me impede de buscar atividades mais teóricas no meu tempo livre.

Eu não tinha ideia do que me esperava. Agora tenho.

sábado, 1 de setembro de 2018

Gastar com alegria

Quem me conhece sabe que eu sou uma pessoa bem pão-dura. Na minha cabeça faz sentido: porque gastar dinheiro (que não cai do céu) em coisas bobas, que vou usar só uma vez e que depois ficarão entulhando minha casa e dando trabalho?

Dito isso, como nos últimos tempos andei fazendo umas receitinhas, acabei comprando utensílios domésticos: assadeira, forma para cupcakes (que eu não uso para fazer cupcakes), balança de cozinha... Dei uma pesquisada básica (também não vou comprar na primeira loja em que entro, né?) e fiquei bem feliz com minhas aquisições. Elas têm sido muito úteis.

Também tenho gastado um dinheirinho a mais com ingredientes. Nada extravagante, mas diferente da rotina.

Confesso que já tinha até me esquecido de que comprar pode dar alegria. Pois dá, sim.

domingo, 19 de agosto de 2018

Desafio: low carb na Alemanha

No começo de setembro, parto para Alemanha. Vou ficar dois meses em Munique a trabalho (e a passeio: detalhes no Lud & Leo pelo mundo, claro).

Quando comecei a cortar os carboidratos, há três semanas, nem me toquei que a viagem estava tão próxima. Quando percebi, pensei com meus botões que ficaria no esquema até embarcar. Hoje já estou planejando os petiscos de baixos carboidratos que posso levar no avião e considerando seriamente em estender esse período... indefinidamente.

Sou novidadeira, mas não costumo ser radical. Achava estilos de vida low carb muito loucos - até ler a respeito:os blogs Diet Doctor e Ciência Low Carb (de um médico brasileiro), e Why we get fat,  (em português, Por que engordamos) e Good calories, bad calories, do Gary Taubes.

Não encerrei ainda minhas pesquisas, mas a tese me parece plausível e interessante. Há quem acuse a LCHF (low carb, high fat) de ser muito restritiva: no meu caso, ando comendo mais variado do que nunca. Eu, que não passava perto dos legumes, já encarei tomate, cebola, berinjela. Incluí peixes grelhados ou assados no cardápio. Quase não como mais processados. E, como eu disse no último post, ando até cozinhando em casa.

Eu adoro (adorava?) balas, chicletes e sorvetes. Estou sem eles há três semanas e não sinto falta. Minha paixão maior, o chocolate ao leite, foi substituído por chocolate meio-amargo (e pelos maravilhosos quadrados de amendoim e chocolate).

A perda de peso foi maior na primeira semana. Depois ela ficou vagarosinha, mas na verdade eu nem tenho muito o que perder. Estou curtindo a falta de fome e as comidinhas diferentes mesmo.

Então, estou tentada a continuar. Sei que quando mudamos de ambiente é um pouco mais difícil, mas como disse a irmã Isa, que morou dois anos em Frankfurt: "Alemanha é basicamente low carb: carne e repolho!" Já a cerveja tem um bocado de carboidratos, é, mas eu nem gosto tanto de cerveja. Vou experimentar, mas não pretendo beber litros. Prefiro vinho (que na low carb pode, olha que beleza!).

Posso mudar de ideia no meio (ou no começo) da viagem? Claro que posso. Mas acho que vai ser legal tentar. 

domingo, 12 de agosto de 2018

Minhas aventuras com os baixos carboidratos

De vez em quando leio alguma coisa sobre nutrição, mas não dou muita bola porque sou basicamente saudável e minha alimentação é razoável(zinha). Mas nos últimos tempos tenho tentado (por pura vaidade) perder uns quilinhos que se instalaram na minha pessoa e não tenho tido muito sucesso. Talvez porque eu tenha paladar de criança e goste muitíssimo de balas e chocolates. Talvez porque já esteja nos 40 e poucos e o corpo mude um pouco mesmo.

No fim de julho a irmã mais nova entrou no esquema baixos carboidratos/alta gordura e avisou: olha, o trem é bom. Me indicou um site com fotos de receitas low carb lindíssimas. Quando dei de cara com os quadrados de chocolate e amendoim, não pensei duas vezes: é pra comer isso? Tô dentro! E ainda pode beber (destilados)? Sold! 

(Ok, também li uns artigos a respeito. Fiquei satisfeita ao saber que um monte de verduras e oleaginosas, além de alguns legumes e frutas, também estão na jogada. A ideia é cortar os processados e comer comida de verdade. Não parece razoável? Também me lembrei que a Lu estava fazendo e gostando.)

Então estou há duas semanas nesse esquema. Perdi 2 quilos, passei uns períodos meio enjoada (o que se resolve com sal + muitos copos d'água) e não senti a menor fome. 

Mas o que estou achando mais legal é que eu, que não cozinho nada, comecei a fazer umas receitinhas. Já fiz omelete souflée, bolinhas de queijo, torta de atum, ovos com curry, pasta de amendoim e aqueles maravilhosos quadrados de chocolate e amendoim. 

sábado, 28 de julho de 2018

A bicicletinha

Aprendi a andar de bicicleta tarde, lá pelos 12, 13 anos - em uma Caloi Ceci que minha irmã mais velha ganhou quando completou 7. (Por que ela aprendeu aos 7 e eu, que tinha 6 na época, gastei quase o dobro disso pra começar? Mistério. Jamais saberemos). 

Ou seja, aprendi em uma bike pequena e não cresci muito a partir de então. E pedalei pouquíssimas vezes nessa vida (dá pra contar nos dedos de uma mão. Sério). Quando surge uma oportunidade, é sempre em uma bicicleta imensa e pesada, o que não ajuda em nada, e eu desisto logo (ou antes mesmo de começar). 

Minha tese é que eu preciso de uma bicicleta do meu tamanho para recomeçar. E minha tese se provou correta: semana passada, ao caminhar no Eixão, encontrei uma bicicleta pequena para alugar - e aluguei. Aí rolou! Pedalei loucamente de lá pra cá. Bufei, me cansei, fiquei vermelhíssima, mas me senti realizada. É verdade: andar de bicicleta a gente nunca esquece. Memória muscular é um negócio incrível. 

Contei pros amigos minhas aventuras, e um deles ofereceu uma bicicletinha dobrável emprestada. Aceitei na hora. Hoje, eu e o Leo fomos caminhando até a casa dele e voltamos pra nossa pedalando (aqui em Brasília tem aquelas bicicletas grátis da rua, e o Leo gosta bastante delas). 

Foi ótimo. No plano piloto tem ciclovia, e ela é muito bacana: razoavelmente plana, margeada por árvores (várias floridas!) e bem-sinalizada. Para completar, é sábado e ela estava vazia. 

A prova do crime
Adorei. Quero repetir, um monte de vezes.

Obs: não quer dizer que eu ande de bicicleta bem - muito antes pelo contrário. Mas o Leo garante que é só praticar.

domingo, 22 de julho de 2018

Das ambições

Fiquei um bom tempo feliz e satisfeita e sossegada, achando que tudo estava bom e que era só correr para o abraço. Desde desde o resultado do concurso, no começo de 2016, estou assim, de boa. 

Feliz ou infelizmente, essa fase acabou.  Mudei para um setor muito mais exigente no trabalho, logo depois o colega saiu de férias (longas) e pipocaram um monte de cursos que eu queria/precisava fazer. Resultado: me cansei, me estressei, mas também me lembrei do que eu sou capaz.  Agora estou cheia de planos e projetos para o meu (reduzido) tempo livre. 

Para completar, voltei para a terapia, onde aproveito para discutir minhas ambições. Percebi que, nos últimos anos, andei adotando o ponto de vista do Leo, para quem o suficiente é suficiente. 

Como ele é uma pessoa muito feliz, concluí que agir como ele me deixaria feliz também. Funcionou... por um tempo. Só que nós somos diferentes (embora tenhamos muitos valores parecidos) e eu às vezes quero ir atrás de conquistas simplesmente pelo fato de elas estarem ali. Não significa ser ingrata e desvalorizar o que eu tenho, mas querer mais só porque eu dou conta. E não quer dizer ficar arrasada se não der certo e eu não conseguir. O importante é me movimentar. 

Sim, quero ganhar mais. Sim, quero mais responsabilidades. Sim, quero aprender mais línguas. Sim, quero começar a correr. Preciso disso? Não, mas quero assim mesmo.  

* * *

E o minimalismo? Bem, o minimalismo nos ajudar a identificar o que é importante para cada um de nós. No momento, importante é usar minhas habilidades e ver onde vou chegar. Bora lá. 

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Em busca do tempo perdido

Hoje vou fazer um teste de nivelamento de francês. Como já aconteceu da outra vez que voltei a estudar essa língua, minha sensação era de que eu tinha deixado as aulas a pouquíssimo tempo - até pegar a gramática e ver que, para meu horror, ela foi comprada em 2013, quando fiz um curso pela última vez.

Ou seja, 5 longos anos. A capacidade de autoengano do ser humano (especialmente deste ser humano específico aqui) é espetacular. Leio livros em francês de vez em quando e estive uns dias na França este ano e pronto, isso é suficiente para que eu ache que sou uma estudante regular.

Não sou. E não há nada de mal nisso, mas vamos encarar a realidade, né?

Se quero ser uma estudante regular, é só separar uns minutinhos duas vezes por semana e ir revendo os livros didáticos e a gramática (se eu relembrar o que já aprendi e esqueci, já fico bem contente).

E torcer para ter gente suficiente para abrir uma turma depois do teste de nivelamento de hoje.

* * *

Mudança de planos: não vou mais fazer mais curso de francês, vou fazer curso de alemão. Motivo: vou trabalhar dois meses em Munique no segundo semestre (sim, tenho o melhor emprego do mundo #sorrynotsorry).

É o melhor emprego do mundo, e todo mundo pode ter: oficial de chancelaria, cargo público. Da próxima vez que tiver concurso eu aviso, xá comigo.

* * *

Atualização 2: não abriram curso de alemão e o de francês não vou poder fazer, por causa do horário. Aaaargh. Pelo menos os 2 meses em Munique continuam de pé.

domingo, 24 de junho de 2018

E a aposentadoria?

Quando entrei no mercado de trabalho, no começo dos anos 2000, o plano (e a lei) era contribuir por 30 anos e me aposentar aos 55. Hoje, com 42, acho que aos 55 anos serei jovem e produtiva demais para parar de trabalhar. 

Sorte minha, porque se eu estivesse contando os dias ia me desapontar grandemente. Com todas as mudanças na legislação, estou certa que não vai rolar (o que é uma grande sacanagem com quem começou cedo e faz trabalho braçal, claro). 

Então estou planejando me aposentar aos 65, o que significa mais 23 anos de labuta. No emprego antigo, esse fato provavelmente me faria derramar umas lágrimas e planejar mais uns sabáticos (a cada 10 anos, talvez?), mas no emprego novo acho que vai ser tranquilo. Tecnicamente, dá para ficar até os 75, mas acho que aí também seria demais. 

Lógico que vai depender da saúde, das oportunidades de aprendizagem, das mudanças na rotina de trabalho (muita coisa vai ser diferente daqui a 20 anos, espero). De repente aos 65 anos estarei empolgadíssima e envolvida em projetos e nem considerando me aposentar. Tenho colegas que têm essa idade e estão muitíssimo bem.     

Também tem a questão do dinheiro. Meu plano é continuar economizando, para não precisar contar somente com o salário de aposentada (qualquer que seja ele em 2040 e poucos). O fato de não ter filhos ajuda a manter as despesas baixas, mas o que mais me tranquiliza é que sei viver uma vida (razoavelmente) simples (comparando com família e colegas). Tenho internet, livros, chocolate e chuveiro quente? Estarei feliz. 

quinta-feira, 21 de junho de 2018

A vida dos outros

No começo desse mês fez um ano que tomei posse no Itamaraty. Como diz o Leo, agora a ampulheta virou, porque em tese quando eu completar dois posso ir trabalhar (ou, como diz o povo, "servir") no exterior. 

Fico bem contente com a perspectiva. Não sei onde vou parar - pode ser em qualquer lugar onde o Brasil tenha uma embaixada ou consulado -, mas tenho certeza que vou curtir. Adoro conversar com os colegas a respeito de futuros destinos. Trocamos um monte de ideias e descubro que tem gente que não quer morar em lugar muito quente, ou muito frio, ou onde álcool seja proibido, ou onde não exista vida noturna.

Acho que estão certíssimos. Cada um sabe o que quer da vida, ora. Eu e o Leo somos bem tranquilos nas nossas exigências, até porque somos um casal: a gente diverte e faz companhia um ao outro. Quem é solteiro talvez pense duas vezes antes de topar servir em uma cidade do interior do Japão (Hamamatsu e Nagoia têm consulados brasileiros!), por exemplo. 

O que a gente quer: água potável, internet, certa segurança (guerra não, por favor). Doenças não nos preocupam tanto, porque vivemos em um país onde tem zika, dengue e chicungunha, né? Achamos que, obedecendo direitinho as orientações dos locais (como usar repelente e colocar telinha nas janelas), vai dar tudo certo. 

Aliás, seguir direitinho as orientações dos locais será nosso lema. Estamos em um país frio, onde o povo se diverte no inverno esquiando e patinando? Bora aprender a esquiar e patinar! Moramos em um lugar tropical, onde a hora de caminhar nos parques é ao amanhecer e ao anoitecer? Bora botar o despertador pras 6 da manhã! Na nossa cabeça, não faz sentido mudar de país e continuar se comportando igualzinho. 

Muito antes pelo contrário: viver como os outros vivem será uma bela experiência. 

domingo, 10 de junho de 2018

Dietinha

Lamento informar que estou de dieta. O feminismo me ajudou a me livrar de um monte de exigências sociais, como passar esmalte, pintar o cabelo ou acompanhar as tendências da moda, mas infelizmente ainda me sinto obrigada a ser esbelta.

Nem é porque "quero ser magra para mim mesma" ou "me sinto melhor com menos peso". É porque a sociedade diz que mulher tem de ser magra mesmo (e malhada - mas aí já é demais pra mim). Tem o fato de minhas roupas de trabalho estarem chegando ao limite, e eu morrer de preguiça de comprar roupa nova, mas desconfio que isso é desculpinha. Afinal, minha saúde é ótima e meu IMC é normalíssimo. Estou de regime por pura vaidade.

Não é bonito, mas é o que temos para hoje.

Fico imaginando se um dia chegarei a uma idade na qual vou chutar o pau da barraca e me permitir virar uma vovó fofa e gorducha.

Temo que não. Aposto que serei uma velhinha magrela e chata.

* * *

Atualização: a dieta durou 3 semanas. Perdi 1 quilo e meio. Aí fui fazer outras coisas.

sábado, 9 de junho de 2018

domingo, 13 de maio de 2018

O desejo de não-maternidade e o dia das mães

A amiga de uma amiga está escrevendo uma tese sobre o desejo de não-maternidade. Corri para me escrever para ser entrevistada. Curiosíssima sobre o que ela vai perguntar.

* * *

Nunca ninguém me chamou na lata de egoísta por não querer filhos, mas sei que é uma acusação frequente. Se algum dia isso acontecer, pretendo responder: sim, sou egoísta. Egoísta E preguiçosa.

* * *

Quando era adolescente, tive meus conflitos com minha mãe. Poucos, mas tive. Hoje nem lembro mais a respeito do que foram.

* * *

Hoje acho minha mãe um exemplo. Ela dava conta de tudo: trabalhava fora, cuidava da casa, cuidava da gente. Dominava todas as prendas domésticas, inclusive costurar, e era professora universitária. Herdei dela a responsabilidade no trabalho e nos estudos, o controle financeiro, a exigência estética. Já os cuidados com o lar evitei aprender, confesso. Mas hoje, quando tenho que fazer alguma coisa em casa, me lembro da maneira como ela fazia, e isso ajuda muito.

* * *

Minha mãe se aposentou há várias anos, mas continua muito ativa. Admiro. Quando me aposentar, pretendo ficar ainda mais preguiçosa.

sábado, 12 de maio de 2018

Minimalismo fashion

Estou supercontente porque tem um monte de blogueiras de moda entrando na onda do consumo consciente. O esquema dos armários-cápsula já data de algum tempo, mas agora parece que finalmente caiu a ficha de muita gente que comprar compulsivamente não é construtivo, nem para as pessoas (porque não tem fim, sempre tem uma novidade), nem para o meio ambiente.

Pode ser modinha, o hype do momento? Pode. Eu ligo pra isso? Não. O importante é o resultado. Se o povo der uma pausa na obrigação de fazer o "look do dia" com roupa nova sempre, já fico contente. E acho bem possível que muitas percebam que repetir peça é bacana. Primeiro porque é um exercício de criatividade. Segundo porque abre espaço para a individualidade (não tem graça nenhuma todo mundo usando os mesmos lançamentinhos sempre). E terceiro porque gera economia, né? Talvez não para as profissionais que vivem (e lucrem!) exclusivamente com isso e recebem muitos produtos de patrocinadores, mas para a turma que só se diverte com isso, com certeza.

Não, eu não acompanho sites e blogs e revistas femininos. Foi uma das coisas que cortei quando me dei conta de que eles promoviam ideais absolutamente inalcançáveis de beleza e felicidade. Logo depois decidi parar de comprar e pronto, jamais voltei (já que eles também promovem consumo desenfreado). Mas de vez em quando dou uma olhadinha, para ver se estou perdendo alguma coisas (conclusão: não estou. Uma colega de trabalho me contou que a modinha do momento é bota vermelha (!!!) e  muito me ri) ou um post sobre comprar menos aparece na minha timeline.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Muitas emoções

Eu sempre quis morar fora do Brasil. Virei funcionária pública e desisti. O que não me impedia de dizer de várias cidades no exterior que conhecia, como o maior dos elogios: "morava aqui fácil!", mesmo sabendo que não tinha como rolar.

Aí muito tempo se passou e muitas coisas aconteceram e, bem, nos próximos anos irei morar fora do Brasil. Sim, os sonhos se realizam (e ainda estou chocada com esse fato. Sempre fui da turma dos céticos).

Mês passado estive em Barcelona de férias. Pela primeira vez tive a sensação que, puxa, realmente tenho chance de viver aqui. O coração acelerou, a pressão caiu (um pouquinho). Me senti feliz e animada e aterrorizada com a perspectiva.

Não sei como vai ser. A irmã mais nova, que já morou na Alemanha e agora está na Espanha, avisou que continuarei a mesma pessoa, só que em um cenário diferente. Ou seja, morar no exterior não significa que minha vida se tornará magicamente perfeita e que eu jamais terei de novo dúvidas e angústias e um vazio no peito.

A diferença é que poderei encher esse vazio com chocolate suíço, né.

* * *

Não estou fazendo charme sobre meu futuro, não: não contei para onde vou porque não tenho ideia. Trabalho no Itamaraty e posso ser enviada (com a minha aquiescência, e só a partir do ano que vem) para qualquer lugar onde o Brasil tenha uma embaixada ou consulado. Existe um mecanismo de remoção, com datas, prazos e vagas disponíveis, com resultados basicamente imponderáveis, então estou tentando não me apegar a nenhum destino determinado.

Vai ser bom, tenho certeza.

domingo, 29 de abril de 2018

42

42 é a resposta para a pergunta fundamental sobre a vida, o universo e tudo mais (vide O Guia do Mochileiro das Galáxias). Também é o meu aniversário de amanhã.

E está tudo ótimo. Saúde boa, coração tranquilo, emprego promissor.

E amigos para tomar umas à noite (ah, a sorte de quem nasceu na véspera de um feriado).

domingo, 15 de abril de 2018

Independência financeira + aposentadoria precoce

Nos últimos dias, ando me divertindo muitíssimo com os blogs americanos de FIRE (financial independence/early retirement). Meu plano A é trabalhar mais 20 e alguns anos, a maioria deles no exterior, mas não vivo sem um plano B, e na receita do FIRE tem vida simples + economia, o que já adoto mesmo.

Mas é aquela coisa: quem quer se aposentar mais cedo aperta o cinto com vontade para conseguir juntar mais grana logo. Se eu ainda for ralar mais duas décadas, não é necessário ser tão contida. Não quer dizer que eu vá sair gastando loucamente, mas que poderei aproveitar oportunidades de passeios e viagens com tranquilidade.

Provavelmente ficarei no meio do caminho, continuando a consumir pouco, investindo em experiências e guardando dinheiro para a aposentadoria na idade normal.

Até porque, quando você se torna financeiramente independente, você pode parar de trabalhar e se dedicar a outras coisas. E eu não tenho a menor ideia ao que eu iria me dedicar.

sábado, 3 de março de 2018

A batalha dos livros

Tenho um monte de amigos e conhecidos que olham desconfiados para meu leitor digital, que eu carrego pra todo lado, e dizem que preferem ler no papel. Antes eu ficava indignada e tentava explicar que uma tela de computador, tablet ou celular é muito diferente da experiência de um eletrônico exclusivamente dedicado à leitura, mas hoje eu só sorrio e falo: o bom é que fica dentro da bolsa e eu posso ler a qualquer momento (do que se infere: leio muito mais que você, mané). 

Verdade seja dita, quem gosta de ler lê em qualquer suporte, como já me disse uma bibliotecária portuguesa. Mas há os apalpadores de lombadas, os cheiradores de páginas (entre os quais eu me incluo) e os fetichistas de volumes. E quem acha que importante mesmo é possuir o livro (se vão ler ou não já é outra história. Seriam as estantes um precursor do Instagram?). 

Mas não acirremos os ânimos. Assim como o cinema e a tevê, a orquestra e o rádio, o concerto e o cd (será que ainda existem cds?), livros digitais e físicos podem conviver alegremente, sem que um tire o lugar do outro, o resultado sendo que tudo mundo leia muito mais. Ainda adoro bibliotecas e belas sequências de livros enfileirados (e aproveito para reclamar: decoradores que organizam livros pela cor, WTF?), mas prefiro vê-las, não tê-las. Na minha casa não há livros de papel (mentira, tem sim, uns de estudo, escondidos no aparador da sala), mas nunca possuí tantas obras (passaram de centenas para os milhares, com a diferença que jamais ocuparam tão pouco espaço). Também me tornei mais exigente: comecei o livro e não gostei, não prestou? Apago do Kindle, devolvo pra loja (na Amazon você tem 7 dias) e se bobear deleto do HD também. 

Só digo uma coisa: eu e você, no portão de embarque, a companhia aérea avisa que o voo vai atrasar 7 horas (já aconteceu). A 80 km/h, quem você acha que tem mais garrafa vazia pra vender?

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O trabalho

Confesso que, quando fui atrás do meu emprego atual, nem pensei em que ia trabalhar. O importante pra mim era morar no exterior, ponto.

Acabei caindo em uma atividade-meio, o que é meio bizarro, porque geralmente a gente se identifica é com a finalidade da organização, né? Se antes eu financiava o Estado democrático de direito, hoje eu conto tempos de serviço e concedo licenças para as pessoas, algo bem mais limitado.

Não é que eu esteja reclamando. Um ponto positivo é que sou muito mais popular. Ninguém gosta de pagar imposto, mas todo mundo adora afastamentos para tratar de interesses particulares (sem salário, tá, gente) e confirmações de que tem tempo suficiente para aposentar.

E serviço não falta. O tempo passa rapidinho. Quando o estoque de pedidos de momento acaba, sempre tem algum projeto pra desenvolver, como mandar para o arquivo pilhas de documentos que ficaram nos armários ou investigar como é possível transformar processos físicos em digitais.

Só que eu fico cansada. Não bastasse a atividade intensa e minuciosa, trabalho em um vasto salão cheio de pessoas. O que é ótimo para resolver questões de serviço - nem precisa ligar pro coleguinha, é só passar na mesa dele -, mas que também barulhento e confuso.

Chego em casa e só quero silêncio e tranquilidade. Minha vida social foi despachada para os fins de semana.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Meu único pulmão

Eu brinco que sou como aquele jogador de futebol que, repreendido por correr pouco durante um jogo, desabafou: "Correr mais? Só se eu tivesse dois pulmões!". Sim, desconfio que tenho um só, porque minha capacidade respiratória sempre foi, digamos, regular (e uma vez que a avaliação da academia vai de "ótima" a "regular", podemos dizer com alguma certeza que esse termo significa "bem ruim").

Já faz um mês que eu tenho subido 5 andares de escada até minha sala no trabalho. Chego sem fôlego e sedenta, e meu consolo é que no serviço tem lindos copinhos coloridos, o que quer dizer que cada dia bebo água de uma cor (not really, mas parece).

Até agora não percebi nenhuma melhora em minha capacidade pulmonar. Mas persisto, né, porque o sertanejo é, antes de tudo, um forte (não que eu seja sertaneja, nem forte, mas enfim).

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Marcas e grifes

Quando eu era adolescente e estudava em um colégio de pessoas riquinhas, era muito importante ter a mochila e o tênis de uma marca determinada (era Company, se os curiosos fizerem questão de saber). Fiquei feliz da vida quando finalmente ganhei uma mochilinha igual à de todo mundo.

Confesso que já ambicionei ter uma bolsa Chanel. Pesquisei seriamente, escolhi o modelo, a cor e o material (2.55, preta, de couro de cordeiro). Aí me dei conta que minha vida não comportava uma bolsa Chanel. (O que foi uma sábia decisão, por causa do Efeito Diderot: uma aquisição muito acima do nível de consumo habitual pode deixar a pessoa insatisfeita com tudo que ela já tem - e querendo substituir esse tudo por versões muito mais caras e sofisticadas. Resultado: frustração + gastos exagerados e desnecessários. Melhor não.)

Ou seja, já achei grifes e marcas muito importantes, sim. Mas deixei de achar. Primeiro porque passei por algumas experiências decepcionantes com itens que custaram caro mas deixaram a desejar. Segundo porque não preciso ficando mostrando para os outros o meu poder econômico (aí economizo e tenho mais poder econômico!). Então evito. Até por não querer fazer propaganda gratuita pros outros.  

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Malinha

Falta um mês para a próxima viagem e já estou separando roupas para a mala. Sou dessas.

É que eu me divirto. Acho que o planejamento faz parte da viagem. Já começo a curtir agora.

A ideia é levar uma mala pequetita, com roupa para uma semana. Como vamos ficar em apartamentos com máquina de lavar, não tem necessidade que mais do que isso. As peças mais pesadas e volumosas vão no corpo: botas sem salto e casaco de frio.

Olha que dessa vez estou querendo caprichar: vou levar um coletinho preto para usar em cima das camisas (que não precisam ser passadas), um segundo par de sapatos confortáveis e três, TRÊS cachecóis! (Ok, dois lenços e um cachecol.)

Vai ser praticamente um desfile de moda.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

É carnaval

Adoro carnaval. Amo passar o feriado prolongado em casa, lendo livros, vendo filmes, comendo brigadeiro e encontrando amigos. Se o tempo estiver friozinho e eu puder ficar muitas horas debaixo do edredom e tomar uns banhos ferventes, então, melhor ainda.

Juro que entendo quem curte folia, música, agito e pegação. Dou o maior apoio. Enquanto isso, estou na quarta revistinha de Sandman, e são setenta e cinco, gente! Nem sei se vai dar tempo de ler todas antes da quarta-feira de cinzas chegar.

Para quem não sabe, o sobrenome do marido é Carnaval. Então pra mim a festa dura o ano inteiro (piscada marota).

sábado, 27 de janeiro de 2018

Das 19 às 7

Andei lendo maravilhas sobre jejum intermitente e, como fã de ideias radicais que sou, decidi experimentar.

Só que também sou fã de comida, então resolvi que ficar 12 horas sem mastigar por dia (das 19 às 7) estava bom demais. Até porque umas 9 dessas horas eu passo dormindo, hohoho.

Comecei domingo passado. Estou achando bom. Ando me sentindo animada e, curiosamente, com menos fome do que habitualmente. Ou seria vontade de comer? Só sei que passei a semana toda sem chocolate, numa boa.

domingo, 21 de janeiro de 2018

Tão ricos

Um amigo nosso nos explicou para o tio de um jeito que achei lindo: "eles são tão ricos que não têm carro nem apartamento".

Eu me sinto muito rica mesmo. Não só de amor e de saúde, mas de dinheiro também. Simplesmente porque ganho mais do que preciso.

Para chegar a essa posição, o negócio é ganhar muito... ou precisar de pouco.

Ok, sei que sou privilegiada e que meu "pouco" seria bom demais para muita gente. Mas considerando colegas e amigos e família, que têm automóveis e casa própria e armários cheios e móveis e acessórios, estamos no lado dos simplesinhos na escala.

Não foi do dia pra noite que a gente chegou aqui. Foi todo um processo. E entendo que tenha quem queira viver de um jeito diferente.

Mas gosto do meu jeito e acho um vantajão.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Atenção, sentido!

Trabalho oito horas por dia, com ponto eletrônico (biométrico - tem de botar o dedinho no sensor da catraca!), sentada em uma bonita cadeira vagamente ergométrica, estacionada na frente do computador. E ando me achando bem sedentária, porque eu e o Leo deixamos o longo período de chuvas de Brasília nos intimidar e perdemos o hábito das caminhadas. 

Ontem me deu uma luz e decidi trabalhar de pé. Arrumei livros e tampas de caixas e bases de madeira e consegui levantar todos os meus equipamentos um montão de centímetros. Para completar, pedi que trocassem o monitor auxiliar por um que aumenta de altura e voilà, tudo resolvido. 

Passei um dia bom e agitado. Além de providenciar todas essas mudanças e arquivar um monte de documentos, ficar menos tempo sentada me deixou animada, sem sono e, apesar de um pouquinho cansada, com aquela sensação boa de ter usado os músculos. O que esqueci de considerar é que, agora, quando me sento, fica tudo muito alto. Não tenho uma mesa ajustável (como a irmã mais nova tem). 

jeito é sentar pouco, né. 

domingo, 14 de janeiro de 2018

A cura milagrosa

Durante 24 horas, depois de um telefonema com o reumatologista, convivi com um diagnóstico de artrite rematoide (aquela doença crônica autoimune sinistra cujos medicamentos são quase piores do que a própria). Liguei para meus pais. Escrevi um post para o blog. Entrei para um grupo de apoio no Facebook.  Pesquisei sobre os efeitos colaterais (tensos) dos remédios.

Aí fui a uma consulta no dia seguinte e não era beeeem assim. Os exames dizem que eu posso ter AR, mas não tenho nenhum sinal clínico (inchaço e vermelhidão nas articulações, dores intensas). O médico contou casos de diagnósticos difíceis que ele fez e pediu mais exames, mas basicamente não  sabe o que eu tenho.

Saí do consultório feliz da vida. Entrei com AR e saí sem.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Os primeiros de 2017

- primeiro dia de trabalho no Itamaraty;

- primeira viagem com vinte pessoas;

- primeiro convite para se retirar do bar (porque ele está fechando);

- primeira massagem profissional;

- primeiro macarrão coreano;

- primeiro pisco peruano;

- primeira festa junina japonesa;

- primeiro evento em embaixada;

- primeiro baile de máscaras;

- primeira visita ao reumatologista (tá tudo bem, obrigada);

- primeiro aniversário depois dos 40;

- primeiro passaporte diplomático.

2017 foi um ano tenso e complicado para o Brasil e para o mundo, mas para mim, pessoalmente, foi bom pra caramba.

Espero que em 2018 o Brasil e o mundo acompanhem.